Na Alemanha, para promover o lançamento de um novo modelo de carro, a Volkswagen resolveu criar uma campanha de marketing pouquíssimo convencional. A ação, entitulada "Fast Lane", tem como objetivo modificar situações cotidianas e banais e adicioná-las de alguma adrenalina, sob o intuito de provar que as pessoas se divertem mais quando as coisas andam mais rápido.
Para isso, criaram um tobogã nas escadarias do metrô, transformaram um elevador em um foguete e colocaram um skate nos carrinhos de supermercado. Pra ver tudo isso em ação, assista o vídeos deste post...
Entre os dias 9 e 12 de junho, ocorreu em São Paulo a oitava edição do ZigueZague. Para quem não conhece, o evento costuma ocorrer no MAM-SP (Museu de Arte Moderna, em São Paulo) em paralelo à SP Fashion Week, e tem como proposta discutir moda, música e arte contemporânea - campos que atualmente se influenciam mutuamente.
Esse ano, a abertura contou com a participação do músico performático Ney Matogrosso. Nós estávamos na plateia para conferir e, abaixo, reproduzimos algumas das partes mais interessantes da coletiva. Sempre na Vanguarda "Desde que me entendo por gente, sou uma pessoa contrária às regras. Me lembro que nos idos dos anos 50, no Rio de Janeiro, eu saia na rua de regata e as pessoas só faltavam me jogar pedra. Eu não entendia como no Rio, uma cidade quente, você não podia usar camiseta. Depois disso, já em São Paulo, eu não tinha dinheiro para comprar um sapato e comprei um tamanco português. Eu andava com aquele tamanco pelas ruas e as pessoas me xingavam.
Quando lançaram a sandália Havaiana, eu achei que aquilo era uma libertação. Daí, eu comprei uma, passei na casa da minha tia e ela me expulsou dizendo: "Você nunca mais volte aqui com os pés de fora". Eu não compreendia, não achava que seria mais ou menos homem porque estava com os pés de fora. Eu tinha uns 18 anos... Desde então alguma coisa em mim se soltou, eu pensei: não estou nem aí para o mundo, vou viver da maneira que eu quiser, vou me vestir como eu quiser e eu vou ser quem eu quiser."
Cara pintada "Diziam que artista não podia andar na rua. Eu tinha 31 anos e não queria perder esse direito porque eu adoro, até hoje. E, inspirado no teatro, eu fui numa loja que vendia maquiagem e comecei a pintar o rosto, cada hora um jeito diferente. A partir do momento que eu perdi o meu rosto, adquiri uma coragem que eu não sabia que existia. Eu tinha vergonha das minhas mãos, eu tinha vergonha dos meus pés, eu não tinha coragem de trocar de camisa na frente de uma pessoa. Com a maquiagem eu não era alguém, eu era um ser híbrido e sem vergonha."
Uso de imagem "Quando comecei a ver fotos minhas, a princípio, eu fiquei chocado. Olhava e não me reconhecia. Por outro lado, entendi que a imagem era algo muito forte e que eu poderia, e cabia a mim, conduzí-la – era um veículo para o inconsciente das pessoas –, me pertencia e eu podia usá-la. Desde então, todas as imagens minhas fui eu que determinei. Sempre seleciono a primeira que vai aparecer no trabalho. Depois a gente perde o controle..." As diversas facetas "Nunca fiquei preso ao passado e nunca tive medo do futuro. Quando saí dos Secos e Molhados fiz aquele figurino de crina de cavalo e ossos. Depois, quando acabou esse trabalho eu quis outra coisa, pensei "vou virar gente" e, aí, veio Bandido [álbum que marca a fase mais ousada e sexualizada da carreira de Ney]. Eu tinha medo da reação das pessoas, porque era algo bastante escandaloso. Por mais louco que fosse, eu não queria ser rejeitado. Mas, no Bandido eu comecei a entender também que não precisava ser sério."
Erotismo "Desde a primeira vez que subi no palco – com os Secos e Molhados – havia uma carga erótica. No Homem de Neanderthal [primeiro álbum solo após a saída do Secos e Molhados], existia a nudez, mas não esse erotismo porque eu estava muito tenso, preocupado, e ali eu era um bicho. Quando eu fui fazer Bandido, eu resolvi que seria mais humano e, portanto, livre. Sexualidade e sexo explícito era permitido e exigido de mulheres, homens jamais podiam expressar a sua sexualidade. Mas, sou um homem sexualizado, então, por que não posso mostrar isso para as pessoas? Todo mundo é sexualizado e todo mundo esconde. Aí eu exacerbei, era uma pessoa que dormia se não praticasse sexo; aquilo era de verdade. Eu olhava para a plateia e a desejava. Eu imaginava que aquilo fosse um ser só e eu queria aquele ser. Era algo dirigido para todas as pessoas, não era homens ou mulheres, ou velhos ou jovens, era liberado e oferecido para todas as pessoas como é até hoje. Claro que não é igual hoje em dia, em que eu não tenho essa coisa louca e é mais uma brincadeira, mas existe ainda aquela sexualidade." Oferenda "Desde que eu acordo eu estou ofertando. Antes de eu entrar em cena, eu foco dentro de mim, mentalizo que algo passa por dentro de mim e sai para a platéia – é a única coisa que eu faço antes de entrar no palco. Sempre quero mais. Mas, esse querer mais, essa inquietude, é meio egoísta porque não é pensando na platéia, e sim, pensando em conseguir manter o meu prazer para poder oferecer a ela. Porque se eu me mantiver interessado, talvez eu possa me manter interessante."
Apostas "Eu acho interessante quando tem algum risco. Por exemplo, quando eu fiz o Inclassificáveis e foi um sucesso enorme, logo em seguida, eu disse “agora eu vou fazer o contrário” – quero cantar só clássicos da música popular brasileira, de terno. Por incrível que pareça, esse trabalho não fez o barulho que o anterior fez, mas ele é muito bem recebido. As pessoas entendem que é meu movimento."
Ney Matogrosso fez parte da Semana de Moda do Rio, no começo de junho, em parceria com a Blue Man. Foi a primeira vez na vida que ele participou de um desfile (veja o vídeo acima). Segundo ele "...foi legal. Tinha um lance teatral na performance que me interessou". O violonista Yamandú Costa também participou.